Arquivo do dia: agosto 7, 2009

As correntes historiográficas que estudaram o declínio e queda de Roma

Os conceitos de declínio e queda do Império Romano, vêm nos mostrar a importância do conhecer e saber comparar um momento ao outro que estão incutidos nos períodos da História. Esses conceitos são frutos de uma reconstituição do que sabemos a partir da ampliação dos conhecimentos atuais criando novas interpretações sobre o passado. A variedade dos conceitos a respeito do declínio e queda de Roma consiste de que ao reconstituir coisas que antes não estiveram constituídas como tal, os historiadores , com formação específica e tendo vivido em épocas diferentes uns dos outros , formularam imagens retrospectivas a respeito de um fato ocorrido em tempos longínquos.

Roma aplicou ao mundo ocidental uma influência em parte instintiva e inconsciente para depois, no decorrer dos tempos, uma nova influência consciente e intelectual, portanto, o mundo ocidental também é um legado de Roma e nos é de extrema importância comparar o modelo de colapso romano a outras realidades ocorridas em períodos históricos diferentes.

O conjunto de informações e vestígios do passado sob um método de análise e uma teoria de estudos nos dá a compreensão necessária para entendermos os acontecimentos do passado.

A prosperidade romana:

Segundo Léon Homo (1941), a época de bem estar e grandeza para os romanos ocorrera durante a dinastia dos imperadores antoninos, entre os anos 96 e 192 dC.

Pela urbanização, arquitetura, sistema de esgoto, construção de pontes. ( Balsdon 1968).

Criação de sistemas administrativos, estrutura jurídica que atendeu as necessidades de homens e mulheres de diversas línguas, antecedentes étnicos e tradições culturais. Porém, foi a perda gradativa do elevado padrão de vida, a partir do século II d.C, resultou que a civilização romana entrasse em declínio muito antes de ficar em perigo de cair. Esse período de declínio perdurou do século III ao V dC. (Ferril, 1989)

A queda do Império Romano:

Dominato, período da história romana entre os séculos III e V dC, que é também as raízes romanas da Idade Media. Nesse período houve a ausência de regras para a sucessão dos imperadores como um fator de desequilíbrio do poder ao final do império. Entretanto, desde o inicio do Império Romano, com o principado de Augusto, tais regras não existiam.

Segundo a corrente marxista, o declínio romano ocorrera a partir da transição do modo de produção antigo para o feudal, onde a mão de obra escrava passa ser servil, entre os séculos III e V d.C, determinando o fim do sistema econômico antigo.

Os liberais apontam a dependência e fragilidade da economia romana frente as suas províncias como causa determinante de sua queda. Produção econômica itálica não era capaz de atender a demanda imperial, ocorrendo a perda do controle econômico de territórios e provínciais para tribos germânicas que foram incorporadas a economia imperial romana a partir da segunda e terceira geração de migrantes.

A partir do cristianismo fora introduzida na sociedade romana uma cultura de resignação, pacifismo e humildade. A religião cristã fora incorporada no século IV d.C como religião oficial do estado romano.O exército romano antes ofensivo se torna defensivo pela incorporação de bárbaros ao exército. Os soldados abandonam a cultura da arte da guerra ,valor ancestral e constitutivo da romanidade.

Principais características das 3 fases do conceito de Idade Média:

1ª fase – Séculos XVI – XVIII
Durante a motivação cultural do Renascimento e Humanismo do século XVI, os intelectuais e protestante deste período desenganaram a Idade Média como sendo “Idade das Trevas” por inúmeros fatores ocorridos neste período , ao seu modo de ver, como: O atraso para o desenvolvimento do homem e da ciência; que neste período ocorrera a vulgarização do latim pelas barbáries culturais na Europa; que a literatura produzida neste período fora explicitas alterações dos originais clássicos dos gregos Platão e Aristóteles, e dos romanos Tito Lívio e Cícero. Portanto, para os intelectuais do século XVI, a Cultura Clássica deveria ser resgatada e erguida sem a influência dos intelectuais medievais que não haviam compreendido de fato os clássicos.
Para os protestantes intelectuais, a Idade Média foi de trevas religiosas impostas pela Igreja Católica que poluíra a essência verdadeira do cristianismo, e também de atrasos econômicos. Os protestantes também relegaram outras culturas (a cultura judaica, e a cultura islâmica) ou outras formas de cristianismo (Cristianismo Ortodoxo do Império Bizantino) e as várias heresias medievais.
No século XVIII, filósofos como Voltaire e Montesquieu, criticavam o feudalismo (dependente de terra e trabalho camponês) presentes no período medieval, e a mentalidade vigente na Idade Média que foram responsáveis pelo atraso do conhecimento e progresso no mundo, portanto, não lhes interessava o Império Bizantino e Árabe, nem mencionavam o forte comércio de Constantinopla , ou mesmo a existência de uma indústria urbana atuante, ou os avanços da medicina, da farmácia , da botânica desenvolvidos pelos estudiosos árabes e judeus no Oriente Médio e Península Ibérica (Averrois, Avicena e Maimônides) nos séculos XI e XIII.

2ª fase – Século XIX
No século XIX ocorreu a “Recuperação” do significado da Idade Média que passa a ser entendida como o “grande berço dos povos europeus”, uma vez que os idiomas e identidades culturais teriam nascido neste período.
No romantismo Europeu a Idade Média é entendida heróica por seus reis fortes e uma sociedade disciplinada pela autoridade religiosa, fatos que vieram influenciar o pensamento do homem do século XIX a alimentar sentimentos nacionalistas em certezas políticas para a reconstrução de Estados Nações.

3ª fase – Século XX, dividida em:
3.1- As visões idealizadas do passado medieval
No século XX, os reis do período medieval como Carlos Magno, Felipe IV, Frederico II, e a mulher guerreira Joana D´arc, são inspiração e profundamente apreciados pelos governantes e estadistas distribuídos por toda a Europa. O próprio Hitler era apreciador  e dizia  descender-se  de Frederico II.

3.2 – A contribuição da Escola dos Annales:
A recuperação dos estudos medievais ocorre no século XX com os estudiosos da escola de Annales que passam a rever de uma forma bem analítica os temas, documentos e a própria cronologia tradicional usada no século XVIII.
Segundo os historiadores Georges Duby, Jacques Le Goff, e Jean Delumeau, a reescrita histórica medieval passa ser voltada para arte, a arquitetura, os comportamentos, as ralações familiares, as vestimentas, os costumes diversos, a mentalidade , as crenças e comportamentos sociais do homem medieval. A reescrita medieval passa ser analisada através de diálogos entre as diversas áreas do conhecimento como a antropologia, a psicologia, a geografia e a sociologia. Portanto, o saber fazer uso de diversos tipos de documentos como códigos de direito civil, os cânones, as correspondências eclesiásticas, os tratados médicos sobre doenças e saúdes, as imagens sacras, a vida dos santos (hagiografia), os túmulos , as edificações, as residências de camponeses etc.

Camoniana

maos

Não anacrônico e voraz ardor
Na pele o teimoso queimar
De um fogo que não se vê, amor
Proferiu o poeta, eis meu acalentar